14 de junho de 2010

Pisco


O que se faz com o resto da uva, depois que ela é “pisoteada” na produção de vinhos? Outra bebida! Não há nada mais atual do que o Pisco. Hoje com o planeta preocupado com a preservação e reconstrução ambiental, diversas campanhas e ONGs são criadas para que toda a população participe do desenvolvimento sustentável do planeta.. E, na produção do Pisco encontramos, justamente, essa sustentabilidade. Que o pisco é produzido a partir do resto das uvas amassadas na produção do vinho ficou claro, porém sua produção não começou com qualquer uva.
Os espanhóis quando chegaram as terras Incas (hoje divididas em Peru, Chile, Colômbia e uma parte da Argentina) trouxeram consigo a produção de seus vinhos, ou seja, as uvas. Porém a espécie de uva utilizada sofreu com a adaptação ao novo solo e temperatura e com isso acabou-se por criar um novo tipo de uva a “Quebranta”. O resto da uva da produção de vinhos passou a ser doada aos trabalhadores que, por sua vez, aproveitaram a oportunidade e experimentaram destilar esse resto. Daí surgiu o Pisco. Porém, tudo isso ocorreu quando as terras incas eram unificadas, portanto, qual é o país de origem da bebida? O Peru é reconhecido mundialmente como o berço do Pisco, mas o pisco chileno também é bem conhecido. Ambos possuem regras para a produção da bebida que fazem a diferença no produto final. Mas, que diferenças são essas? Pisco não é pisco em qualquer lugar? Sim... e não.
O pisco peruano é produzido desde a colonização espanhola. Apesar de ter surgido, provavelmente, da uva Quebranta, hoje em dia, pelo regulamento peruano, a bebida só pode ser produzida a partir de certos tipos de uva Quebranta, Uvina, Mollar e Negra que produzem piscos não aromáticos e as espécies Albilla, Itália, Moscatel e Torontel produzem o pisco aromático. O pisco peruano é dividido em quatro níveis, de acordo com a uva usada, basicamente. Os tipos “puro”, “Aromático”, mosto verde (green must) e acholado (half breed) sendo que nestes últimos há a destilação antes da fermentação terminar e uma mistura de uvas, respectivamente. Os peruanos classificaram seu pisco separado por critérios como tipo de uvas, tempo de repouso e até o método de preparo, como vimos.
Já o pisco chileno é produzido em maior escala, exportado e consequentemente mais consumido no mundo. Também classificado em quatro tipos ( Tradicional, Especial, Reservado e Gran Pisco) separados de acordo com o nível alcoólico, é produzido em duas regiões específicas do país. O pisco chileno deriva, na verdade da uva moscatel e suas diversas variedades e, algumas vezes das uvas Pedro Jiménez e Torontel.
As diferenças entre os piscos não termina, ambos são regulamentados nos dois países, sendo cada país com sua regulamentação. Os peruanos querem ser reconhecidos como o berço oficial do pisco, enquanto os chilenos usam o discurso de que ambos os deveriam unir forças para que o mercado de bebidas mundial aceite e usufrua mais do pisco, independente da nação. Quem está certo e quem está errado é impossível afirmar, mas que o pisco é paixão de muitos isso é possível de se ver. Já foi transformado em Odes, que vangloriam seu sabor e sua nacionalidade peruana.
(...)
“El Pisco, es mis hermanos,
como conclusión feliz,
oriundo de mi país,
y pendón de los peruanos.
Ya es hora que al araucano,
se le deba poner coto,
el Pisco es Cholo, no es Roto,
y graben bien este disco:
Nuestro Pisco nació en Pisco,
en tiempos ya muy remotos.” José Javier Alcántara Portilla.

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